Finados: Líderes religiosos de Guarabira comentam importância do dia
byMarcos Andrade-
O Dia de Finados é comemorado em 2 de novembro pelas mais variadas
tradições religiosas, como o Catolicismo e o Candomblé, com exceção de
algumas denominações evangélicas. Ouvimos três das principais vertentes
religiosas de Guarabira para explicar como o dia é celebrado. Tradição Candomblé Mãe Mara, do Ilê Axé Oxum Opará, seguem a tradição do Finados como uma devoção em respeito aos mortos.
A Babalorixá Mãe Mara, do Ilê Axé Oxum Opará, seguem a tradição do
Finados como uma devoção em respeito aos mortos, para ela, “é um momento
de relembrar com saudades dos que se foram.”
“O Candomblé guarda o luto por aqueles que partiram. Nesse período o
“Terreiro” fica fechado em sinal de luto, nesse período não trabalhamos,
não se consome bebida alcoólica e não participamos de nenhuma festa,
nos resguardamos como símbolo da saudade,” disse. Eles resguardam o dia 1
e 2 de novembro, voltando à vida normal a partir do dia 3 de novembro.
Este significado vem postular à essência da tradição do Candomblé.
“Todos os filhos da Babalorixá, (os filhos de Santo), devem também
referenciar o luto, não como uma volta ao tempo, porque isso só pertence
a Deus,” completou.
“A morte é como um complemento da vida, uma forma sublime de nos
encontrarmos com Deus. Tudo nesse mundo é passageiro, a única que coisa
fica em nossa essência é manter a pureza de nossa fé. Somos uma nação
que aprendeu a amar muito cedo: a natureza, os animais, os irmãos.
Lutamos contra as injustiças porque em nossa história fomos muito
brutalizados. Lutamos contra o preconceito, porque entendemos que somos
todos iguais, sem distinção de preto ou branco, de homem ou mulher.
Precisamos entender que fazemos parte de um mundo único, não existe dois
planetas Terra. O amor é a base de todo o processo de compreensão entre
Vida e Morte,” declarou a Babalorixá.
O Ilê de Mãe Mara, como é mais conhecido, fica na Vila Padre Cícero,
distrito de Guarabira, e tem como principais Orixás: Oxum, Iançã e
Xangô. Tradição Evangélica O pastor Jarlan foi enfático quando disse que os Adventistas não acreditam na vida após a morte
Para o pastor Jarlan Reis da Igreja Adventista do Sétimo Dia em
Guarabira, toda a tradição se reporta à Bíblia em Gênesis Cap. 2,
Versículo 7, que diz: “Então formou o Senhor Deus o homem do pó da terra
e lhes soprou nas narinas o fôlego de vida e o homem passou a “SER.” Em
sua explicação, o Pastor mostrou que dentro da tradição Bíblica “você é
uma alma, você não tem uma alma.” Referindo-se a cada ser vivo.
Ele foi enfático quando disse que os Adventistas não acreditam na
vida após a morte, acreditam no que diz a Bíblia. “Não acreditamos em
Finados porque os mortos estão mortos. Mas atribuímos respeitos a quem
acredita. Todavia, “a Bíblia nos diz que deveríamos dar uma flor a
alguém que estar com vida”, ponderou. Tradição Católica O Finados celebra o Mistério Pascal de Cristo daqueles que morreram.
Para o padre Adauto Tavares, pároco da Catedral Nossa Senhora da
Luz, em Guarabira, o Finados celebra o Mistério Pascal de Cristo
daqueles que morreram, porque a ressurreição é para aqueles que morrem
com Ele (Com Deus).
“Estamos preocupados em mostrar o lado da fé. A igreja se concentra
na fé. Deus é nosso destino, lembrando dos que viveram,” disse padre
Adauto. Para tanto, fez menção a Santos e Santas da Igreja, como Santa
Terezinha e sua famosa frase escrita antes de morrer “Eu não morro, eu
entro na Vida.” São Francisco de Assis e Santo Agostinho, para quem a morte não era um fim.
No processo histórico, o Finado existe desde o século II,
alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos
mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava
um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava
e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, Santo Odilon,
em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século
XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015)
obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse
dia anual passa a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de
novembro é a Festa de Todos os Santos.