
Os restos mortais do Padre Ibiapina estão sepultados em Arara, perto da Casa de Caridade, por ele fundada, para atender aos órfão e viúvas. O Pe. Ibiapina foi sempre um homem a frente de seu tempo. A Igreja já o considera “servo de Deus”, primeiro título que antecede os de “beato e, finalmente, santo“.
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O reitor do Santuário, o Padre Gaspar Rafael, anunciou que às 15:00h, sairá uma procissão do átrio da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade. Os fiéis conduzirão a imagem jubilar de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Em seguida, a programação será encerrada com a celebração da Santa Missa, presidida pelo Bispo de Guarabira, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena.
O Palácio da Redenção informou que o governador Ricardo Vieira Coutinho deverá participar da procissão e missa. Prefeitos de do Agreste, Brejo e Curimataú, tradicionalmente seguem o cortejo.
O Pe. Ibiapina é muito importante para o catolicismo popular. Na opinião do padre Cristiano Mufller, devoto do religiosos, o padre Ibiapina foi um homem à frente de seu tempo. “Ele compreendeu como poucos a mensagem do Evangelho, pois viveu com os pobres, os ajudou e ensinou a libertação. Quando os pobres não tinham onde ser enterrados, pois os ricos eram sepultados nas Igrejas, fez mutirões e construiu cemitérios”, lembrou. Padre Cristiano, atualmente residindo em Santa Fé, foi um dos fundadores da diocese de Guarabira, ao lado de dom Marcelo Carvalheira.
Histórico
Ibiapina foi ordenado sacerdote aos 47 anos. Em 1866, foi nomeado Visitador Diocesano da Paraíba, com a tarefa de visitar e supervisionar as atividades da Igreja Católica naquela província. Foi então que ele, aos 60 anos de idade, deixou sua carreira de professor para começar seu trabalho missionário, percorrendo mais de 600 km pelas províncias do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Sempre de batina, a pé ou a cavalo, pregava, aconselhava e levava o conforto por meio da palavra para o povo sofrido do sertão nordestino.
Padre Ibiapina organizou missões, construiu capelas, igrejas, açudes, cacimbas, poços, cemitérios, hospitais e chegou a fundar mais de vinte Casas de Caridade para moças órfãs carentes, onde elas recebiam educação religiosa e moral, aprendiam a ler, escrever e trabalhos domésticos, além de terem assistência à saúde.
Na grande seca de 1877, quando ele já residia em Arara (PB), não deixou que os pobres morressem de sede. Em sua pequena propriedade havia um açude, de onde ele fornecia água para a população. “Achavam que ele estava louco”, conta o padre belga José Floren, atual reitor do Santuário, pelo fato de continuar dando comida e água à população. Quando sugeriram que interrompesse o atendimento, ele disse que preferiria morrer com os pobres. “Depois disso, era perto da festa da Conceição, começou uma grande chuva, após três longos anos de seca”, lembra.
Para alguns pesquisadores ele está incluído na categoria dos iluminados, pessoas que sempre lutaram por um ideal de trabalho e fé. Foi ponte entre a Igreja e o povo pobre do nordeste brasileiro, construindo uma obra missionária significativa e respeitada, partilhando água, alimento e abrigo com doentes, mendigos e retirantes, levando sempre uma palavra de conforto para aqueles que precisavam.
Padre Ibiapina morreu em 19 de fevereiro de 1883 e seu corpo está sepultado na capela da Casa de Caridade, em Santa Fé (PB). Com o processo de beatificação em curso, o sacerdote poderá ser beatificado em 2017, durante visita do papa Francisco ao Brasil.
Via Nordeste1