Cunha é o ministro invisível de Temer?

Viva o Maranhão e afins! O ministério forjado pela politicagem foi apenas o primeiro sinal de que o Presidente Michel Temer não demoraria a se tornar refém da base aliada fisiológica e patrimonialista. A prova concreta de que Temer terá de comer na mão dos parlamentares, em ritmo de "farinha pouca, meu pirão primeiro", foi à indicação para líder do governo de uma figura que não peca apenas por ser réu em três ações que correm no Supremo Tribunal Federal. André Moura é homem de confiança do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, que agora se transforma em "ministro invisível" da gestão Temer.
A base aliada simplesmente está rachada. Os fisiológicos ditarão as regras. Líderes do DEM, PSDB, PPS e PSB rejeitaram a indicação do deputado André Moura (PSC-SE) para liderança do governo. A temerária opção de Temer por Moura também desagradou um dos homens fortes da equipe do Presidente: Moreira Franco queria emplacar no posto de líder governista na Câmara o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que apenas por coincidência é casado com a filha da esposa do político que Brizola batizou de "Gato Angorá"...
André Moura conta com o apoio daqueles partidos que são chamados de Centrão: PP, PR, PSD, PTB, PSC, SD, PRB, PTN, PROS, PHS, PTdoB, PSL, PMB, PRP e PEN. É uma bancada de cerca de 270 parlamentares que joga junto com a maioria da bancada do PMDB. As legendas do Centrão foram decisivas na aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Evidentemente, Moura nega que Cunha vá exercer influência direta sobre seus atos na liderança governamental: "O presidente Eduardo Cunha foi importante no processo de impeachment, teve a coragem de deflagrar naquele momento. Mas o presidente Eduardo Cunha não terá influência nenhuma na minha liderança do governo. Sou líder do governo Temer que vai reunificar o País".
A velha e surrada máxima diz que o "futebol costuma ser uma caixinha de surpresas". Mas o jogo da politicagem tupiniquim é canalha e previsível. Será muito difícil acreditar que uma base aliada fisiológica, ávida por cargos e verbas, permita que o governo promova a essencial redução dos gastos e desperdícios com o dinheiro público. No entanto, pode ter certeza que a maioria "paralamentar", com toda facilidade e agilidade, vai aprovar a criação de novos impostos, como a CPMF.
Basta ver o que tem repetido Henrique Meirelles, o "salvador nacional", em diversas entrevistas: “Se não houver nenhum imposto, as despesas têm de ser cortadas mais profundamente”. Fazendo uma leitura reversa do que prega Meirelles, como a base aliada não permitirá cortes profundos, o cidadão-eleitor-contribuinte, como de mau costume, é quem será chamado a arcar com mais sacrifícios de uma conta deficitária que nunca fecha a favor do pagador de impostos.
Se isso se tornar realidade rapidamente, o governo provisório de Temer será a repetição de um grande estelionato político.


Por: Roberto Tomé
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