Mesmo cogitado pelo Presidente Michel Temer, o sociólogo Moreira Franco nem quis saber de assumir o lugar de Romero Jucá no Ministério do Planejamento - que agora anunciou estar de licença. Não porque o velho Gato Angorá (apelido com o qual Leonel Brizola o imortalizou) não seja bem visto pelos demais articuladores políticos do Congresso. No posto estratégico de Secretário-Executivo do Programa de Parcerias e Investimentos, Moreira tem a missão maior de aproveitar o clima de "bacia das almas" para negociar tudo que o Brasil ainda tem de bom e lucrativo. Grandes avaliadores como o Rothschild Group já fazem a peneira das excelentes oportunidades.A autoridade de investimentos do Catar, Abu Dhabi Investment Co PJSC, e a Mubadala Development Co PJSC e a canadense Brookfield Asset Management figuram entre os fundos soberanos convidados a participar dos "roadshows" que o Ministério das Relações Exteriores (com José Serra) pretende realizar em Londres e Nova York para anunciar e articular a negociação de lucrativos ativos das estatais (empresas de economia mista). O objetivo é faturar até US$ 20 bilhões de dólares nos próximos dois anos. O problema é se os investidores externos aceitarão botar seu rico dinheirinho em um País completamente desgovernado pelo crime organizado...
A lista do que pode ser negociado a preço de banana já é conhecida do mercado. Subsidiárias e várias Sociedades de Propósito Específicas (SPEs) da Petrobras figuram como joias da coroa. Se aposta na venda de fatias do governo federal em até 230 empresas do setor elétrico, sendo 179 Sociedades de Propósito Específicas nas mãos da Eletrobrás. Entrariam na dança dezenas de empreendimentos nas áreas de geração, distribuição e transmissão de energia e em parques eólicos. Entram na listinha de vendáveis partes dos Correios e da Casa da Moeda. Também fazem parte do rol de ativos à venda fatias da Infraero, as companhias Docas, a Caixa Seguros e o IRB Brasil.
Quem defende um modelo de Estado Mínimo comemora. Mas é bom ficar esperto para não ser feito de "minorotário" durante a onda de compra-e-venda. O problema é saber se o Estado brasileiro passará, de fato e de direito, pelas reformas necessárias (conhecidas, porém nunca implementadas, por sacanagem, má vontade ou incompetência). Se não houver mudança no modelo, o Estado brasileiro prestará o mesmo desserviço de agora, roubando recursos dos cidadãos e das empresas através de um assalto tributário sem uma justa contrapartida social e produtiva.
O anúncio de um "Brasil à venda na bacia das almas" remete a uma belíssima reflexão sobre poder e dinheiro feita pelo personagem Francisco D’Anconia, um industrial rico e playboy, no filme "The Fountainhead", de 1949, baseado na obra de Ayn Rand, com título idêntico. O figurão parece estar falando de Bruzundanga:
"O dinheiro é o barômetro da virtude de uma sociedade. Quando há comércio não por consentimento, mas por compulsão – quando para produzir é necessário pedir permissão a homens que nada produzem – quando o dinheiro flui para aqueles que não vendem produtos, mas influencia – quando os homens enriquecem mais pelo suborno e favores do que pelo trabalho, e as leis não protegem quem produz de quem rouba, mas quem rouba de quem produz – quando a corrupção é recompensada e a honestidade vira um sacrifício – pode ter certeza de que a sociedade está condenada".
Reflexão justa e perfeita para resumir a tragicomédia vivida por uma sociedade brasileira condenada ao subdesenvolvimento e à destruição por regime Capimunista, rentista, cartorial, centralizador e corrupto.
Azar do Romero Jucá e de quem mais vier a ser pego pela lava Jato ou demais operações... Eles podem ficar de fora da intermediação de lucrativos negócios (ou negociatas).
Por: Roberto Tomé