
A equipe liderada por Katz trabalhou com
oito efeitos colaterais comuns: náuseas, vômitos, diarreia,
constipação, dor, inchaço do braço, falta de ar e irritação da pele do
peito. No geral, 93% dasmulheres avaliadas afirmaram ter experienciado
pelo menos um deles, sendo que 45% delas classificaram a condição como
grave ou gravíssima. As participantes tinham sido diagnosticadas com
câncer de mama invasivo em estágio inicial havia pelo menos sete meses e
responderam ao questionário dois meses depois de ser submetidas ao
tratamento: procedimento cirúrgico, quimioterapia e/ou radioterapia.
Depois de analisar o questionário com a
frequência e a severidade dos efeitos colaterais causados pela abordagem
médica, os investigadores relacionaram as respostas com a saúde física e
a frequência do atendimento médico das pacientes. Consideram também as
condições do tumor e os fatores do tratamento associados com os efeitos
colaterais tachados como severo s emuito severos. Essa segunda etapa do
trabalho, publicado recentemente na revista Cancer, permitiu resultados
mais detalhados sobre o efeito de cada tratamento na rotina das
mulheres.
Por exemplo, um terço das que não
receberam quimioterapia experimentou efeitos colaterais graves. As
submetidas a dois tipos de tratamento (quimioterapia e radioterapia)
estavam 30% mais suscetíveis a reportar efeitos colaterais sérios, em
comparação às que enfrentaram apenas um dos procedimentos. As pacientes
submetidas à mastectomia dupla foram classificadas duas vezes mais
suscetíveis a relatar dor severa ou muito severa, comparadas às
quetiveram remoção cirúrgica de uma pequena parte da mama.
Segundo Katz, boa parte dos efeitos
colaterais desse tratamento é normalmente identificada por testes
clínicos e/ou avaliação de especialistas. Existem poucas informações que
avaliam os efeitos colaterais dos tratamentos de câncer de mama pela
visão da paciente. Por isso, o também professor de medicina e de gestão
de saúde na universidade norteamericana ressalta a importância de as
mulheres diagnosticadas com a doença entenderem melhor sobre efeitos
colaterais para conseguir evitá- los ou não ficar muito afetadas pelo
surgimento deles.
Quanto à prevenção, o pesquisador diz
que a mulher precisa se certificar de que está recebendo apenas a
quantidade de tratamento necessária. “Médicos nos Estados Unidos estão
ficando atentos ao potencial de tratamento excessivo: como cirurgia mais
extensa do que é necessário e o uso de quimioterapia quand o obenefício
é quase nulo”, afirma.
Daniele Assad, oncologista do Centro de
Oncologia do Hospital Sírio- Libanês, unidade de Brasília, também chama a
atenção para a importância de abordar os impactos dos efeitos
colaterais, a fim de que sejam tomadas medidas que possam reduzir as
toxicidades. “Quanto mais ciente dos efeitos colaterais, maior a adesão
ao tratamento e maiores as possibilidades de se tomarem ações
preventivas. Por exemplo, se sabemos que a radioterapia pode levar à
irritação da pele da mama, uma atitude de prevenção é a não exposição ao
sol, andar com a pele protegida. Dessa forma, evita-se piorar a
irritação da pele”, ilustra.
LONGO PRAZO
Katz também chama a atenção para as
consequências a longo prazo dos efeitos colaterais da terapia. A fadiga
geralmente faz com que as pacientes deixem de trabalhar enquanto
batalham contra o câncer. E as complicações seguintes podem tirá-las do
mercado de trabalho. “É importante minimizar os efeitos colaterais dos
tratamentos. A comunicação eficaz paciente/médico é essencial”, defende.
Nesse sentido, para prevenir a
deterioração física e mental da paciente é aconselhável o acompanhamento
psicológico. O diagnóstico e o tratamento envolvem muitas mudanças. Com
isso, a ansiedade, o estresse e a depressão, que podem surgir nesse
processo, podem piorar a qualidade de vida e intensificar os efeitos
colaterais relacionados aos procedimentos de cura.
Patrícia Werlang Schorn, oncologista e
coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Santa Lúcia, em
Brasília, chama a atenção para uma abordagem ainda mais completa.
Segundo ela, os acompanhamentos psicológico, fisioterápico e nutricional
são importantíssimos para a condução do paciente com câncer de mama.
“Há a necessidade de apoio em um momento em que o medo da morte e do
sofrimento são reais. O alívio da ansiedade e do medo torna mais fácil a
condução e a aceitação da doença e do tratamento.”
Genes agravam tumor na próstata
Não existe cura para o câncer de
próstata metastático, que se espalha pelo corpo. Nesse caso, opta-se
pela terapia hormonal para prolongar a vida do paciente. Porém, mesmo
usando esse método – que bloqueia o efeito da testosterona usada pelo
tumor para crescer –, existe a possibilidade de o carcinoma resistir e
ficar fatal mais rapidamente. Em estudo publicado na revista Science,
cientistas do Instituto de Câncer Roswall Park (EUA) identificaram dois
genes ligados a ambasas complicações.
Os genes deveriam agir como supressores
de tumor, impedindo que células se dividam descontroladamente, reparando
erros do DNA ou indicando quando as células devem morrer. Quando não
funcionam direito, estruturas defeituosas podem se desenvolver fora de
controle, o que leva ao carcinoma. Os cientistas demonstraram que a
perda do gene supressor do tumor Rb1 induz a dissipação do câncer de
próstata para outras áreas do corpo.
Também descobriram que o aumento da
produção do gene Ezh2 está associado à flexibilidade de adaptação das
células tumorais, tornando-as resistentes aos tratamentos. As
descobertas podem ser exploradas terapeuticamente. Tumores resistentes
tratados com drogas que inibem o Ezh2, por exemplo, podem sensibilizar
novamente o câncer de próstata para a terapia hormonal.
NOVA ABORDAGEM
“Boa parte dos homens, inicialmente,
responde a essa técnica, mas o câncer pode resistir ao procedimento e
voltar mais agressivo e letal. Descobrimos o mecanismo que provoca a
progressão para esse tipo de câncer persistente, proporcionando uma nova
oportunidade em prevenir ou tratar formas letais da doença”, disse, em
comunicado, o coautor sênior da pesquisa, David Goodrich, professor de
oncologia do Departamento de Farmacologia e Terapêutica em Roswell Park.
A equipe acredita que a descoberta tem o potencial para ser aplicada
contra outros tipos de carcinomas.
Apesar de ser um tumor comum – o segundo
mais diagnosticado em homens no Brasil, segundo o Instituto Nacional de
Câncer (Inca) –, o câncer de próstata, na grande maioria dos casos,
avança pelo corpo de forma lenta – leva cerca de 15 anos para atingir 1
centímetro cúbico. Quando há metástase, porém, o quadro pode se tornar
crítico.