As histórias das famílias Gondim e Vital do Rego foram profundamente impactadas pela ditadura.
Nossas vozes foram caladas.
Mandatos, conferidos pelo povo, foram cassados.
Nossas crenças na liberdade, no patriotismo e na democracia fizeram dos Gondim e Vital do Rego pessoas a serem limadas, sufocadas, excluídas.
Assim como Ulisses Guimarães, o patrono da Constituição de 88, também conheci muito de perto o que ele chamou de “caminho maldito”:
“Rasgar a Constituição, trancar as portas do parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”.
Portanto, aos saudosistas do que nunca viveram, vai o alerta de quem experimentou a sufocante experiência de viver debaixo do guarda-chuva da opressão:
Não desejem a privação da liberdade.
Não pincelem com outros tons os anos de chumbo.
Pois, por mais desafiadora e complexa que seja a jornada democrática, ela é a única via possível para garantir os direitos fundamentais de homens e mulheres.
É a única capaz de preservar os valores que nos fazem mais humanos.
Do Senado Federal, onde dou continuidade aos legados de José Maranhão, Vital do Rego e Pedro Gondim e tento inspirar a segunda geração representada por Veneziano e Vital Filho – homens profundamente comprometidos com a democracia – não poderia deixar de refutar com toda a minha energia as vozes que ousam clamar em defesa do inominável; que ingenuamente romantizam páginas trágicas de nossa história.
Um dos capítulo mais nefastos da República brasileira, construído ao longo de 21 anos de repressão, não é romantizável sob nenhum aspecto:
Ele produziu 434 mortos e desaparecidos.
20 mil presos.
10 mil exilados.
Redações empasteladas.
Mordaça e dor.
Além de amplificar desigualdades sociais, encobrir desmandos e criar falsos panoramas de desenvolvimento que nos deixaram endividamento e atrasos como herança.
Portanto, a palavra para o 31 de março é não.
Sempre não!
E por mais que alguns – desavisadamente – queiram, o guarda-chuva da exclusão e da repressão jamais voltará a encobrir o céu da liberdade.
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